domingo, 2 de setembro de 2012

Viver mais e feliz



 

  • Conselhos para tornar o envelhecimento uma etapa produtiva, feliz e com qualidade, pela abordagem da Medicina Biomolecular.
Uma total compreensão do envelhecimento e da longevidade provavelmente é um dos problemas mais difíceis em toda a biologia.
  • Os esforços científicos para entender estes processos nunca foram tão grandes quanto são hoje. É também inegável que hoje populações de países desenvolvidos estão vivendo mais, graças à tecnologia e desenvolvimento cientifico, no entanto este aumento no tempo de vida não está necessariamente associadoa uma melhor qualidade de vida, uma vez que as pessoas mais idosas estão igualmente mais medicadas, escravas de remédios, sofrendo dos males da senilidade.
  • É importante esclarecer que o envelhecimento é um conjunto de modificações orgânicas que resultam num desgaste diretamente proporcional ao tempo vivido e, sobretudo, à maneira como se viveu. Não é sinônimo de senilidade ou doença, mas corresponde a mudanças e crescimento. Mesmo sabendo que inevitavelmente, como qualquer outro sistema que sofra os efeitos da coordenada tempo, também nosso sistema,começa a se degradar a uma certa altura e, a resvalar para a decomposição. A este processo chamamos “entropia”, sendo que o único fenômeno que se rebela e resiste à entropia é a vida. A verdadeira vitória contra a entropia biológica ou envelhecimento consiste em afirmar, firmar e promover a vida. A proposta da medicina moderna, aqui enfocada, para desativar os mecanismos da senescência, envolvem condutas terapêuticas no sentido de revitalizar, desintoxicar e, otimizar as funçõesdo nosso organismo. Porém nāo podemos esquecer que este é um organismo que pensa ou pelo menos deveria ter consciência pois é dotado de inteligência. Que apesar de possuir fatores genéticos, que podem estar contra ou a favor da aceleração do envelhecimento, precisamos oferecer a opção de um melhor gerenciamento dos processos que vitalizam a existência, objetivando desfrutar de saúde e programar uma velhice tardia, saudável, criativa e feliz.
  • O desejo de prolongar a vida, retardar ou tentar controlar o envelhecimento é inerente ao ser humano.
Faz parte de sua busca pela felicidade completa, pois o homem não tolera os limites impostos pela doença ou pela morte.
O envelhecimento geralmente corresponde a uma fase progressiva do ciclo vital de qualquer organismo que sofra a influência da coordenada TEMPO.
  • Representa o conjunto de modificações que ocorrem no organismo, como conseqüência do tempo vivido e, ainda assim, do modo como se viveu.
  • Envelhecimento não significa senilidade, doenças e perda da alegria, corresponde também à Mudanças e Crescimento.
  • Senilidade é uma visão distorcida, unilateral e pessimista de todo o processo, corresponde à deterioração física e mental, associada a uma baixa qualidade de vida.
  • Como fazer para que possamos aproveitar tudo o que vivemos e, nos trouxe sabedoria, sem perder a capacidade física e mental?
  • Basicamente a Medicina Biomolecular é uma medicina preventiva cujo foco é o equilíbrio bioquímico, como o qual o organismo pode fazer frente contra os agentes promotores das doenças e que também podem acelerar o processo do envelhecimento.
  • Restaurando a capacidade funcional de qualquer organismo estamos de fato oferecendo uma possibilidade de melhor saúde e mais qualidade de vida.
Envelhecimento:

Representa a perda progressiva da capacidade de se auto-restaurar, perda da homeostase ou perda da reserva funcional.

  • Associada a uma maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos.
  • O envelhecimento resulta de episódios prejudiciais às funções corporais, entre elas as enfermidades, stress, alimentação inadequada, poluição ambiental ou física e muitos outros. Cada enfermidade ou tensão que o corpo enfrenta reduz a capacidade funcional adequada e acelera o envelhecimento.
  • Cada doença evitada prolonga o tempo e a qualidade de vida.
  • Diminuindo o ritmo de degeneração do corpo, adiamos o esgotamento de nossos estoques de vitalidade.
O envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares que resultam em perdas funcionais progressivas, além de umaumento nos processos oxidativos e inflamatórios.
Habitualmente pessoas que aparentam menos idade usualmente são realmente mais jovens em termos biológicos, portando é muito interessante observar que muitas vezes a Idade biológica pode não corresponder à idade cronológica ou à idade psicológica, sendo esta uma ferramenta importante no retardo ao envelhecimento.
Idade cronológica diz quantos anos você tem, segundo o calendário. Idade biológica diz qual a idade do seu corpo, em termos de sinais críticos da vida e processos celulares.
Idade psicológica nos diz qual a idade que você sente que tem.
A importância de avaliarmos corretamente a idade biológica e psicológica de um individuo, mostrará a eficácia ou não de um protocolo que retarde o envelhecimento.
Dentro de um protocolo de retardo ao envelhecimento devemos avaliar a ocorrência de processos comuns ao envelhecimento, além de valorizar alguns fatores que afetam o status nutricional na 3ª idade, dentre os quais destacamos uma diminuição na acuidade do paladar, olfato e visão, podem interferir com o ato de comer e ter prazer com a comida.
Perda dos dentes ou dentaduras mal ajustadas, também prejudicam a adequada digestão.
Menor capacidade digestiva.
A digestão e a absorção dos nutrientes são afetadas pelo decréscimo na secreção do ácido clorídrico.
Dificuldade no esvaziamento gástrico.
Decai a secreção de enzimas no intestino delgado, assim como declina o peristaltismo, tornando o movimento intestinal mias lento.
Perda do equilíbrio no ecossistema intestinal, denominada de Disbiose.
Desequilíbrio do eixo neuro-hormonal.
Diminuição e desequilíbrios nos níveis hormonais. Aumento na produção de cortisol e de insulina. Alterações da tireóide. Declínio na atividade imunológica. Aumenta a incidência de processos inflamatórios tendo como conseqüência uma maior incidência de disfunção endotelial, ou seja maior ocorrência de doença vascular. Pesquisas recentes sugerem que um dos fatores que influenciam o envelhecimento é um estado inflamatório crônico e insidioso.
Aumentam os processos oxidativos, e o aparecimento de produtos de glicação protéica resultam em uma “caramelização” dos tecidos, cujo resultado é uma alteração irreversívelna configuraçãodas proteínas, chamada de reação de Maillard.
Estas proteínas alteradas são chamadas de AGEs, (produtos finais da glicação avançada).
A formação das AGES envolve oxidação, e a .
presença de AGES induz um maior stress oxidativo.
As AGEs promovem desorganização e degeneração dos tecidos.
Este fenômeno chamado de glicação protéica modifica a permeabilidade das membranas celulares, prejudicando a multiplicação celular e a regeneração molecular, incluindo a regeneração do DNA.
As AGEs estão implicadas em muitas doenças, associadas ou não, ao envelhecimento ( Câncer, Alzheimer, cataratas, doenças cardíacas, S. de Down, diabetes, degenerações neurológicas, degenerações celulares, rugas, envelhecimento em geral).
Alto consumo de Carbohidratos refinados (açúcar, arroz branco, farinha branca e outros) aumentam a formação de AGES.
Quanto mais a se come produtos refinados e açúcares, mais os tecidos ficam caramelizados, ou seja endurecidos, sem flexibilidade.
Todos estes processos dão chance ao aparecimento de doenças degenerativas, como a aterosclerose, diabetes, câncer, doenças autoimunes e envelhecimento precoce.
Promove também maior dificuldade de desintoxicação ou detoxificação, favorecendo o acúmulo de toxinas no organismo, o que por sua vez facilita a ocorrência de inlflamação e oxidação.
Supõe-se que um estado nutricional adequado e estilo de vida saudável tem claramente aumentado o número de pessoas que conseguem envelhecer com qualidade de vida.
Fatores relacionados ao comprometimento nutricional no idoso.
Indivíduos idosos estão mais propensos à desnutrição proteico-calórica, vitamínica e de minerais.

As principais causas da desnutrição dos idosos:

Ingestão alimentar diminuída.
Mudanças nas necessidades de nutrientes.
Má absorção.
Disbiose (desequilíbrio no ecossistema intestinal).
Alcoolismo.
↑ Catabolismo (em conseqüência perda de massa muscular).
Interação com medicamentos.

Menor reserva de nutrientes (menor armazenagem).
Menor conversão de vitaminas para suas formas ativas.
Dentre as possíveis causas de subnutrição em idosos, não podemos nos esquecer que estes indivíduos habitualmente estão medicados e poderão estar utilizando :
Drogas que afetam a ingestão de alimentos ou que interferem na absorção, utilização ou excreção de nutrientes.
Depleção nutricional induzida por medicamentos ou ervas:
A automedicação, incluindo o uso de ervas medicinais ou não, é prática comum e aceita por toda a sociedade.
As ervas usualmente são seguras, quando usadas com responsabilidade e orientação. Algumas ervas possuem princípios tóxicos que podem causar efeitos colaterais e potencializar ou interagir com drogas farmacêuticas, estando até contra indicadas em certas condições. Podem também depletar vitaminas e outros nutrientes quando ministradas por curtos ou longos períodos, dependendo da condição clínica e histórico individual, com conseqüências negativas para a saúde, principalmente no idoso.
Doenças que reduzem o apetite, diminuem a absorção e/ou utilização de nutrientes ou ainda que aumentam as necessidades nutricionais.
Outros fatores contribuintes:
Nas ultimas décadas, houve um aumento na oferta da variedade de alimentos, porém, com redução na qualidade nutricional destes, causadas por vários fatores, cujos principais são:
- Empobrecimento da quantidade de nutrientes do solo
- Forte presença de produtos químicos nas lavouras
- Contaminação das águas, tanto para irrigação quanto para o consumo
- Perda nutricional causada por armazenamento, transporte e manuseio impróprios
- Perda de nutrientes e contaminação química causadas pela industrialização dos alimentos
Atualmente, existem mais de 2000 substâncias químicas sendo utilizadas nos alimentos industrializados. Estas substâncias podem causar reações adversas no nosso organismo, principalmente se consumidas com freqüência.
Estes aditivos são classificados pelas seguintes funções: acidulantes, antioxidantes, antiumectantes, aromatizantes, conservantes, corantes, estabilizantes, espessantes, umectantes e uma grande utilização de temperos prontos para realçar o sabor dos alimentos.
Em paralelo, nosso organismo sofreu modificações neste período, passando a exigir uma maior quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como:
- Poluição ambiental
- Stress físico e emocional
- Maior consumo de alimentos com fatores antinutricionais
- Maior consumo de alimentos industrializados
- Stress oxidativo
Deficiências mais comuns a partir da meia idade:
Calorias, proteínas, fibras, líquidos.
Cálcio, magnésio, potássio, zinco, cromo, cobre, selênio, biotina, vitamina A, CoQ 10, vitamina D, vitamina B1, B2, B6, B12, ácido fólico e Vitamina C.
O Que Fazer?
Dentro de um protocolo de retardo ao envelhecimento valorizamos:
Boa nutrição – melhora a saúde geral, fortalecendo os mecanismos naturais de proteção ao corpo.
Atitudes mentais positivas– indivíduos longevos e saudáveis são, em geral, pessoas motivadas para a auto-realização, através de atitudes mentais positivas e bom humor.
Uma atitude positiva ante a vida proporciona maior felicidade e melhor estado de saude, segundo pesquisa realizada pela Universidade da California em San Diego.
O estudo põe em evidência que o otimismo e a atitude positiva para enfrentar as adversidades são mais importantes para conseguir um envelhecimento feliz, que as medições tradicionais.
Uma nova percepção do envelhecimento que põe fim à crença de que o bom estado físico apenas é sinônimo de um envelhecimiento ótimo.
Estudos realizados com populações longevas mostram que as mesmas possuem boa nutrição, bom humor, são produtivas, não apresentam doenças autoimunes.
Estratégias para saúde ideal
Condutas praticas:
Evite tensões desnecessárias.
Trabalhe no que gosta, se for possível, ou goste do que faz.
Seja feliz com sua família e seus amigos.
Saiba administrar a emoção, através da razão.
Não deixe de se exercitar.
Tenha pensamentos positivos.
Mantenha alguma atividade produtiva.
Durma bem, procure ter um sono restaurador.
Cuide do aparelho digestivo.
Dieta inteligente.
Reduzir consumo de açúcar e refinados.
Elimine hábitos nocivos (excesso de álcool ou fumo, comida demais)
Se for necessário, elimine metais tóxicos ou toxinas, do organismo.
Faça uso de suplementos, com moderação e orientação médica.
Condutas médicas:
Orientar cada caso individualmente, respeitando as necessidades gerais, tentar instituir medidas terapêuticas e nutricionais especiais que estimulem ou ativem as funções sexuais, cerebrais e vasculares
Respeitar a individualidade de cada paciente.
Garantir a absorção e biodisponibilidade dos nutrientes.
Hidratar os tecidos.
Garantir as capacidades motora e cognitiva.
Orientar para se evitar isolamento.
Incentivar a auto estima.
Estimular a pratica de exercícios regulares.
Manter algum interesse produtivo.
Manter a atividade mental.
Os grupos populacionais mais longevos têm em comum fatores genéticos, exercícios contínuos, produtividade e respeito.
Apesar de a herança genética desempenhar um papel importante, até mesmo essencial na determinação da longevidade, as opções que fazemos sobre como viver afetam nitidamente o resultado final.

Referências Bibliográficas:

CRUZ IBM. Genética do envelhecimento,
da longevidade e doenças crônico degenerativas associadas à idade. In: Freitas E, Py L, Néri AL, et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2002. pag.20-57.

HAYFLICK L. Como e porque envelhecemos.
2.ed. Rio de Janeiro: Campus; 1997.

TERRA NL. Intervenções antienvelhecimento.
In: Terra NL, Dornelles B, organizadores.
Envelhecimento bem sucedido. 2a ed. Porto Alegre: EDIPUCRS; 2003. pág.77-90.

Povoa H. A chave da longevidade. 1ª ed. Ed. Objetiva. 2000.